Com a recente concessão do Estádio Universitário Pedro Pedrossian ao Governo do Estado do Mato Grosso do Sul, esperanças de que o icônico Morenão, que não recebe uma partida de futebol desde 2022, possa voltar à ativa animaram a Capital.
ara aumentar as expectativas e celebrar sua importância, o A Crítica conversou com a arquivista da Secretaria de Documentação e Memória da Agecom/UFMS, Débora Resstel Ribeiro, que falou sobre a história do espaço que já foi o maior estádio universitário da América Latina.
MAIS VELHO QUE O ESTADO
Em 1969, Campo Grande, que até então era parte do Estado do Mato Grosso, foi palco para o início da construção da Universidade Estadual do Mato Grosso (UEMT), que teve seu embrião nas faculdades de ensino superior existentes na cidade.
Pedro Pedrossian (1928-2017), governador do MT na época, convidava arquitetos, artistas e projetistas para auxiliar no projeto da UEMT, procurando atrair a população para a universidade. "Foi construído o Estádio Universitário, o teatro Glauce Rocha, o Autocine, as piscinas e o Restaurante Universitário. O objetivo ali, era que a população se aproximasse da universidade", conta a arquivista, lembrando que, na época, o acesso às universidades não era tão grande quanto hoje.
O desenhista e projetista natural de Campo Grande, Ciríaco Maymone (1931-2008), foi responsável pelo projeto do estádio, que começou em 1968. Na época, já existia um projeto para a construção de um estádio de futebol localizado na saída para Aquidauana. Por conta da localização, o governador entrou em negociações com o presidente da Liga Esportiva Campo-Grandense, para que a construção fosse feita na universidade.
No ano de 1971, terminaram as obras e nascia o Estádio Universitário Pedro Pedrossian. De acordo com Débora, com sua área de 20 mil metros quadrados e capacidade para 45 mil torcedores (número que foi reduzido para 44.355 mil com o passar dos anos), o Morenão já foi o maior estádio universitário da América Latina, e é atualmente o 18º maior do Brasil.
54 ANOS DE HISTÓRIA
Ao longo de sua existência, o estádio ficaria conhecido como Morenão, graças ao apelido de Campo Grande: "Cidade Morena", recebido por conta da coloração da terra da cidade. "O futebol aqui da região era bem forte na década de 70, então atraia os maiores times do país", conta Débora a respeito de alguns eventos, como shows de artistas desde Roberto Carlos até Os Trapalhões, e salienta alguns que foram mais marcantes.
Em sua inauguração, em 7 de março de 1971, o estádio foi palco de uma partida entre Corinthians e Flamengo, que terminou em 3x1 para o rubro-negro carioca. A arquivista relata que, o primeiro gol da partida, e da história do Morenão, foi marcado por João Bosco dos Santos, mais conhecido como Buião, que coincidentemente, havia sido vendido para o Flamengo pelo Corinthians no ano anterior.
Em 1972, para comemorar os 150 anos da Independência do Brasil, a Conferência Brasileira de Desportos (CBD) organizou a competição amistosa internacional "Taça Independência", que foi chamada pela imprensa de "Minicopa". O torneio foi sediado em 12 diferentes cidades, incluindo Campo Grande, que foi palco de jogos de países como Peru, Bolívia, Venezuela, Paraguai e a extinta Iugoslávia.
Um dos mais famosos acontecimentos do Morenão aconteceu em uma partida entre Operário-MS e Vasco da Gama, em 6 de março de 1982. Durante a partida, que contava com cerca de 25 mil pessoas, a atenção de todos foi roubada por um Objeto Voador Não Identificado (OVNI), que cruzou o céu com uma luz forte. "O jogo estava sendo transmitido ao vivo, mas a tecnologia da época não permitia que as câmeras que estavam televisionando ali se movesse com agilidade, então são pouquíssimos registros desse acontecimento", conta a arquivista sobre o acontecimento, que é considerado um dos maiores avistamentos coletivos do mundo, sendo responsável pela vinda da revista UFO para a Capital.
ATUALIDADE
Em julho de 2022, o estádio foi fechado temporariamente para começar uma série de reformas e adequar o estádio às normas de segurança, assim como melhorar a situação precária da estrutura. No entanto, em 2024, uma comissão foi realizada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), onde foi relatado que apenas os banheiros e a rampa de acesso tiveram as restaurações concluídas.
Durante a assembleia, a Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura (Fapec) relatou que, do orçamento de R$9.404.942,70 inicial, apenas R$3,67 milhões foram usados para a restauração dos banheiros e vestiários. A organização também expressou a necessidade de mais R$38 milhões para que fosse concluída a obra, que surgiu com o detalhamento técnico de todas as intervenções necessárias.
No dia 14 de janeiro de 2025, durante o lançamento oficial do Campeonato Sul-Mato-Grossense 2025, o titular da Secretaria Estadual de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc), Marcelo Miranda, anunciou que houve uma devolutiva positiva por parte da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) a respeito da concessão das obras para o Governo do Estado. Até o momento, as partes seguem em tratativa, porém, a estimativa é de que até fevereiro deste ano a mudança de administração deve estar assinada
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