DOE SANGUE 1

Opinião GP: Piastri demarca terreno e manda recado à McLaren: está na briga do título

Oscar Piastri se redimiu dos erros da Austrália com uma vitória categórica na China, em um fim de semana em que dominou Lando Norris.

Por Evelyn Guimarães, de Curitiba em 24/03/2025 às 09:29:48
Foto: AFP

Foto: AFP

"Este é o início da campanha pelo título mundial?", perguntou um astuto Ho Pin Tung a Oscar Piastri, após a categórica vitória conquistada neste domingo (23) na China. A resposta do australiano, dizendo que "espera que sim", até pode parecer protocolar, mas é carregada de significados, especialmente diante do que ele fez em Xangai. Porque Oscar não apenas venceu em um fim de semana altamente consistente, mas também na forma como derrotou o companheiro de McLaren, Lando Norris. Ainda, foi uma redenção, diante do acidentado GP da Austrália que viveu na semana passada, e também uma forte maneira de demarcar seu lugar dentro das garagens papaias com um cartaz muito genuíno: a briga está aberta. E isso é excelente para um campeonato que começa com uma clara superioridade do time de Zak Brown.

Piastri construiu o triunfo em Xangai em cima de dois fatores importantes. O primeiro tem a ver com as lições tiradas de um ano atrás, na mesma pista chinesa, em que sucumbiu em uma séria inconsistência. O chefe Andrea Stella e o próprio Lando falaram sobre o quanto a McLaren revisou os problemas do ano passado, levantando erros e decisões que os colocaram em situações bizarras. No caso de Oscar, o dirigente italiano relatou não só a evolução na pilotagem, mas também a forma de encarar os desafios inesperados, como aconteceu nesta segunda etapa. Porque a corrida também foi muito definida pela gestão de pneus, e o piloto #81 soube como trabalhar melhor esse quesito, sem que os engenheiros precisassem intervir de maneira mais acentuada. O rapaz de Melbourne assumiu o posto de referência sem pedir licença. E liderou a esquadra laranja.

"É claro que sabemos o quanto Oscar é veloz no geral, mas não é só isso. Durante a prova, ele nos fez as perguntas certas na hora certa, e essas são coisas que confirmam a capacidade de gerenciar uma corrida. Houve muito trabalho durante o intervalo entre o campeonato passado e esse, um longo número de corridas que analisamos juntos, destacando o que tinha que ser feito em certas situações, como aproveitar ao máximo certas circunstâncias. 12 meses atrás, aqui na China, estávamos em uma situação completamente diferente", contou Stella aos jornalistas em Xangai, revelando ainda como Piastri também foi decisivo na melhor performance do colega inglês no domingo — em que pese os problemas nos freios na parte final da prova.

"Após o sprint, fizemos algumas mudanças, mas também trabalhamos muito com os dois pilotos para adaptar o estilo de pilotagem. Oscar tinha menos granulação do que Lando, então Lando teve de aprender algo com Oscar analisando seus dados. E o próprio Oscar também aprendeu algumas das indicações que Lando lhe deu. Essa é a importância de ter dois pilotos de altíssimo nível na equipe, as informações que cada um deles pode aprender do outro são informações relevantes e se você consegue fazer um bom trabalho de misturar os pontos fortes, toda a equipe se beneficia. Foi isso que vi na Austrália e também aqui em Xangai", completou.

De fato, Piastri traduziu muito bem esse cenário e a conquista chinesa também o coloca em um patamar diferente diante do time. É uma vitória para cada um neste momento — Norris venceu na Austrália —, ainda que o australiano sustente uma desvantagem de 10 pontos na classificação, na quarta posição. Há ali dois adversários: Max Verstappen, em segundo, e George Russell, em terceiro. No entanto, diante do carro que tem nas mãos, é totalmente possível escalar a tabelaAinda, o que pode mesmo fazer a balança pender para o lado de Oscar é exatamente a maneira como se comportou em Xangai. Cerebral e paciente, o australiano de 23 anos capitalizou em cima das mazelas de Norris e dos demais do grid, se adaptou às alterações do carro e aos pneus ao longo do fim de semana e somou pontos importantes. A corrida foi conduzida com segurança. Aproveitou bem a pole e, no ar limpo, abriu vantagem e controlou o ritmo. Em nenhum momento, foi ameaçado ou cometeu erros. De novo, foi uma clara mensagem de intenções, que ganha corpo no crescimento técnico que apresenta neste ponto da carreira. Ou seja, a disputa entre ambos parece inevitável.

E de acordo com Norris, ele, Piastri e a equipe laranja estão prontos para o embate. "Estamos livres para correr. Estamos ambos animados — provavelmente nervosos e animados ao mesmo tempo — como tenho certeza que a equipe também está. Mas estamos prontos", garantiu. "Nós dois sabemos que queremos tentar vencer um ao outro e mostrar quem é o melhor. E isso é inevitável", emendou o líder do campeonato. "Então não faz sentido tentar esconder esse fato ou fazer algo a respeito."

"Somos dois concorrentes que querem vencer. Mas nos ajudamos. Acho que ambos conquistamos algo melhor neste fim de semana por causa desse fato. E continuaremos fazendo isso", completou o piloto #4 aos jornalistas na coletiva pós-corrida.

Convidado a falar sobre o assunto, Piastri concordou com colega de garagem e acrescentou: "Temos diferentes pontos fortes e fracos como pilotos. Neste fim de semana, houve certos pontos em que isso funcionou um pouco a meu favor, naturalmente. Houve outros fins de semana em que isso definitivamente não aconteceu, e eu tive de tentar analisar as coisas pela forma como Lando pilotou e aplicá-las a mim mesmo."

As cartas parecem na mesa, portanto. Naturalmente, o quanto isso pode evoluir ainda é uma questão sem resposta. Não só porque o campeonato é longo e muito pode acontecer em relação aos rivais, mas principalmente porque, irritamente, a McLaren ainda teima em se colocar neste lugar de destaque e abraçar essa narrativa. "Quando se trata de competição interna, na verdade, tentamos estar prontos para isso há muito tempo, mas como todas as coisas na F1, seria muito arrogante dizer: "Ah, agora estamos prontos, ou estávamos prontos". Os cenários são muito complexos. Eles nunca se manifestam da mesma forma. Então é preciso continuar aprendendo e, assim como com o desempenho, confiabilidade, operação, também vale para a maneira como se gerencia uma equipe", falou Stella ao ser perguntado sobre uma possível batalha interna pelo título.

"Tenho certeza de que haverá situações, mas também tenho certeza de que elas serão revistas, e aprenderemos, e cresceremos ainda mais na forma como protegemos os interesses da equipe."

É claro que sempre vai existir uma preocupação em relação às disputas internas dentro de um time F1 — a própria McLaren tem vasta experiência nesse quesito —, mas é a realidade que bate à porta dos papaias neste momento, consequência do belíssimo trabalho técnico do grupo. Não dá para negar, fugir ou temer. Será preciso se comprometer e tomar decisões difíceis. Já é hora. Porque é a melhor coisa que pode acontecer neste ponto do campeonato, que ainda busca a grande história de 2025.

A Fórmula 1 volta de 4 a 6 de abril em Suzuka, palco do GP do Japão, terceira etapa da temporada 2025.

Fonte: Grande Prêmio

Comunicar erro
DOE SANGUE 2
EXPOAGRO 2

Comentários

Campanha AUTISMO
DOE SANGUE 3