O falecimento de Zagallo completa um ano neste domingo. Em 5 de janeiro de 2024, o Velho Lobo morreu aos 92 anos e deixou um legado eterno. O alagoano saiu de Atalaia, município a 48 quilômetros de Maceió, para se tornar o único tetracampeão mundial da história. De seus quatro títulos, dois vieram como jogador nas Copas do Mundo de 1958 e 1962, um como técnico na Copa de 1970 e outro como coordenador técnico no Mundial de 1994.
Entre os grandes símbolos da Seleção Brasileira, ele foi velado na sede da CBF, no Rio de Janeiro, cidade pilar em sua vida. Ao todo, vestiu a Amarelinha 36 vezes e marcou seis gols.
"O Zagallo está na galeria dos grandes ídolos do futebol brasileiro. A data marcante nos faz lembrar de todas as façanhas do nosso craque. Hoje e sempre a CBF reverenciará o nosso eterno campeão", afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
Homenagens da CBF
Reverenciando o maior campeão mundial de todos os tempos, a CBF inaugurou em 2022 uma estátua de Zagallo, com a presença do Velho Lobo. Sua representação está ao lado das cinco taças de Copas do Mundo, das quais ele fez parte da conquista de quatro. A entidade também confeccionou um painel especial, com fotos e a frase 'Zagallo E13rno'. Juntas, as palavras formam 13 letras, número apreciado pelo alagoano.
Em fevereiro do ano passado, na disputa da Supercopa Rei, competição que abre oficialmente a temporada do futebol nacional, ele foi homenageado, com um minuto de silêncio antes de a bola rolar, e teve sua imagem estampada no telão e nas placas em volta do gramado no minuto 13.
Na primeira partida após sua morte, em março de 2024, a Seleção entrou em campo contra a Inglaterra, em Wembley, estádio que também enalteceu o ídolo brasileiro, com uma flâmula e patch comemorativos. Além disso, os jogadores posaram para a foto oficial do jogo diante de uma placa alusiva a Zagallo.
Início
Filho de Haroldo Cardoso e de Maria Antonieta, Mário Jorge Lobo Zagallo nasceu em 9 de agosto de 1931 e chegou à capital carioca com apenas oito meses de idade para morar na Tijuca, bairro localizado na Zona Norte, onde deu os primeiros toques na bola. Ainda na categoria juvenil, jogou no America-RJ antes de ser revelado pelo Flamengo.
Desde sempre, nunca foi o mais forte dos jogadores. Mesmo assim, o meio-campista era um dos destaques em campo, pois reunia velocidade, inteligência, visão de jogo e versatilidade. Com tais características, ganhou o apelido de Formiguinha. Em pouco tempo, tornou-se um dos protagonistas do Flamengo tricampeão carioca em 1953, 54 e 55 e não tardaria a ser convocado para a Seleção Brasileira.
Na Copa de 1958, o ponta-esquerda de origem, que exercia funções defensivas de compactação do meio-campo, foi titular ao longo de toda a conquista na Suécia e marcou na final um dos gols da goleada por 5 a 2 sobre os donos da casa.
Ídolo Botafoguense
Logo após se tornar campeão mundial, Zagallo rumou ao Botafogo, clube pelo qual construiu uma história de muita identificação. No dia de seu nascimento, os torcedores do Glorioso celebram o Dia do Botafogo: 9 de agosto. Ao lado de craques como Nilton Santos, Didi, Amarildo e Garrincha, conquistou o Campeonato Carioca de 1961 e 62 e o Torneio Rio-São Paulo de 1962 e 64, entre outros.
Ele e os companheiros representaram a equipe de General Severiano no bicampeonato mundial da Seleção em 1962, no Chile, título que teve o brilho do Anjo das Pernas Tortas. O alagoano se retirou dos gramados em 1965, aos 34 anos, dando fim a uma brilhante trajetória.
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Do gramado para a beira do campo
Depois de pendurar as chuteiras, Zagallo usou seu conhecimento tático na função de técnico, que desempenhou com a mesma maestria. Treinou o Botafogo já em 1966 e levantou as taças do Campeonato Carioca de 1967 e 1968 e o Campeonato Brasileiro de 1968. Bem-sucedido na Estrela Solitária, o Velho Lobo assumiu o Brasil em 1969 para a Copa de 1970.
No México, a Amarelinha fez mais do que ser campeã: encantou o mundo com um futebol-arte e uma equipe repleta de estrelas, como Pelé, Tostão, Gerson, Rivellino, Jairzinho, Piazza, Clodoaldo, Carlos Alberto Torres, Brito, Everaldo e Félix. Este foi o terceiro título mundial de Zagallo, que se tornou o primeiro campeão enquanto jogador e treinador. Também liderou o time na Copa de 1974.
Depois do Tri em 1970, Zagallo passou por diversos times (Fluminense, Flamengo, Botafogo, Vasco, Bangu-RJ e Al-Hilal-SAU) e seleções (Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos). Em 1991, convidado por Carlos Alberto Parreira, retornou à Amarelinha para a conquista do Mundial de 1994, nos Estados Unidos, exercendo o cargo de coordenador técnico.
Continuou na Seleção para atuar como técnico do ciclo da Copa de 1998, na França, sendo campeão das Copas América e das Confederações em 1997. Levou a equipe até a decisão do Mundial e ficou perto do título. Retornou ao Brasil como auxiliar técnico, novamente ao lado de Parreira, para a Copa de 2006, na Alemanha. Embora não tenha vencido o Mundial, ganhou a Copa América de 2004 e a Copa das Confederações de 2005.
Após mais de 50 dedicados ao futebol e uma infinidade de títulos, Zagallo se aposentou em 2006.
CBF